Bayer responde a processo por pílula Yasminelle

Alemã alega ter sofrido dupla embolia pulmonar devido à ingestão do contraceptivo. Nos EUA, multinacional já teve que pagar quase 2 bilhões em indenizações por 9 mil casos de supostos efeitos colaterais.

Há gerações as mulheres estão aptas a viver uma liberdade sexual até então inimaginável, em grande parte graças à pílula anticoncepcional. Ministrada corretamente, “a pílula” tem uma eficácia de mais de 99% na prevenção da gravidez: somente na Alemanha, 6,8 milhões de pacientes a tomam. No entanto, algumas marcas vêm acompanhadas do risco de efeitos colaterais.

No dia 17 de dezembro iniciou-se na cidade de Waldshut-Tiengen, no sul da Alemanha, um processo contra a gigante farmacêutica Bayer. O recurso judicial foi impetrado em maio de 2011 pela alemã Felicitas Rohrer, atualmente com 31 anos, que exige da empresa uma indenização de 200 mil euros.

A ex-estudante de veterinária alega ter sofrido dupla embolia pulmonar em consequência da ingestão do contraceptivo Yasminelle, da Bayer, que contém o hormônio drospirenona.Histórico de ações nos EUA Em 2009, Rohrer, na época com 25 anos, teve um desmaio súbito e seu coração parou de bater por 20 minutos. Durante a operação de coração aberto de emergência, os médicos detectaram enormes coágulos obstruindo a artéria principal que irriga os pulmões.

“Eu não tinha nenhum distúrbio hemofílico, nenhuma afecção prévia nem casos de doença na família. Nunca fumei, não estou acima do peso e sempre fiz exercícios”, registra a autora do processo em seu site de internet. Não encontrando nenhuma explicação alternativa, os médicos atribuíram a culpa ao medicamento da Bayer, que Rohrer vinha tomando há oito meses. Desde a cirurgia, oito anos atrás, ela tem que tomar um anticoagulante que reduz suas chances de ter filhos.

Embora o caso seja o primeiro do gênero na Alemanha, nos Estados Unidos ações jurídicas similares têm sido frequentes. A Bayer já teve que pagar o equivalente a 1,75 bilhão de euros em indenizações no país por 9 mil casos de supostos efeitos colaterais. Somente em 2014, a multinacional desembolsou 768 milhões de euros em ações perdidas, relacionadas à linha de anticoncepcionais que inclui Yaz, Yasmin e Yasminelle.

Estudos reforçam suspeitas

Vários estudos recentes mostram que medicamentos contraceptivos contendo drospirenona elevam em até três vezes o risco de embolias e tromboses, em comparação às gerações anteriores de anticoncepcionais. A lista desses medicamentos inclui tanto a linha Yasmin da Bayer como a Aida e Petibelle, da também alemã Jenapharm.

Com base nos dados de 1,6 dinamarquesas que durante anos haviam tomado anticoncepcionais contendo drospirenona, os autores de uma pesquisa também concluíram que o risco de infarto ou AVC era maior para essas mulheres do que entre as que adotavam métodos contraceptivos não hormonais.

O Instituto Federal de Medicamentos e Produtos Médicos (BfArM) da Alemanha, por sua vez, recebeu relatos sobre 478 mulheres que sofreram trombose nos últimos 15 anos, às quais era igualmente ministrada drospirenona. Dezesseis dos casos foram fatais.

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Fonte: Portal Terra