Novembro Azul – Campanha Saúde do Homem
A Contribuição da Ultrassonografia
Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata, 17 de novembro
Dia Internacional do Homem, 19 de novembro
Se considerarmos a ultrassonografia como uma extensão do exame físico, como um elemento na propedêutica, então, fica fácil compreendermos a importância desse método na promoção de saúde, diagnóstico precoce e melhor condução clínica, com repercussão direta na qualidade de vida do homem, independente da faixa etária.
Portanto, a SBUS vem comentar sobre a contribuição da ultrassonografia no Novembro Azul.
Câncer de Próstata
O Novembro Azul historicamente tratou do câncer de próstata; porém, atualmente refere-se amplamente à saúde do homem.
Para cada ano do triênio 2020/2022, estima-se que sejam diagnosticados mais de 65.840 novos casos de câncer de próstata no Brasil, correspondendo a um risco estimado de 62,95 casos novos a cada 100 mil homens.
Outro dado interessante é que, um em cada 9 homens será diagnosticado com câncer de próstata durante sua vida.
O câncer de próstata é a neoplasia maligna, mais incidente no homem, depois do câncer de pele não-melanocítico, acometendo principalmente a partir dos 65 anos, sendo raro antes dos 40 anos.
É a segunda causa de morte por câncer em homens, atrás do câncer de pulmão. Sabe-se que apesar da gravidade, a maioria dos homens diagnosticados com a doença, não irão morrer por causa dela.
A investigação do câncer de próstata inicia com o exame de toque retal, que avalia o tamanho, a forma, a presença de nódulos, irregularidades ou áreas endurecidas, e a dosagem do antígeno prostático específico (em inglês, PSA) no sangue. O PSA é uma glicoproteína produzida pela próstata, e quando há qualquer alteração na glândula, a produção da PSA aumenta.
Cerca de 1 a 5 cânceres pode ser suspeitado pela alteração no exame de toque retal.
Quando tem-se a alteração do toque retal e/ou da PSA, indica-se a biópsia de próstata que habitualmente é guiada pela ultrassonografia. Atualmente, existe a opção da realização da ressonância magnética multiparamétrica da próstata, melhorando muito a qualidade desse estudo.
O INCA, destaca os seguintes fatores de risco:
- Pai ou irmão com câncer de próstata antes dos 60 anos, podendo refletir tanto fatores genéticos (hereditários) quanto hábitos alimentares ou estilo de vida de risco de algumas famílias.
- Excesso de gordura corporal aumenta o risco de câncer de próstata avançado.
- Exposições a aminas aromáticas (comuns nas indústrias química, mecânica e de transformação de alumínio), arsênio (usado como conservante de madeira e como agrotóxico), produtos de petróleo, motor de escape de veículo, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA), fuligem e dioxinas estão associadas ao câncer de próstata.
Sobre as manifestações clínicas, o INCA, esclarece que, em sua fase inicial, o câncer da próstata tem evolução silenciosa. Muitos pacientes não apresentam nenhum sintoma ou, quando apresentam, são semelhantes aos do crescimento benigno da próstata (dificuldade de urinar, necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite). Na fase avançada, pode provocar dor óssea, sintomas urinários ou, quando mais grave, infecção generalizada ou insuficiência renal.
Fonte: Instituto Nacional do Câncer (INCA), Instituto Oncoguia.
Saúde do Homem
Contribuição da Ultrassonografia
A ultrassonografia por via suprapúbica contribui diretamente na avaliação das dimensões e volume da próstata, mostrando se há ou não elevação do assoalho vesical, o que pode estar relacionado à dificuldade de esvaziamento completo da bexiga. Além disso, a aferição da quantidade de urina restante após a micção é uma parte fundamental do exame e de muita valia ao urologista, pois infere se obstrução infravesical, neste caso por provável hiperplasia prostática benigna.
Existe relação estreita entre esses achados prostáticos e vesicais com o tratamento, podendo ser clínico com remédios e/ou cirúrgico.
Com relação especificamente ao câncer de próstata, como já foi mencionado, o rastreamento inclui exame de toque retal e dosagem de PSA. A ultrassonografia transretal da próstata entra neste cenário para guiar as biópsias, momento em que se retiram amostras de todas as regiões da próstata, bem como se investigam locais especifícos suspeitos pela presença de nódulo sólido hipoecogênico, áreas de hiperfluxo ao Doppler, ou também para direcionar a biópsia de achados de exame físico (toque retal) ou de ressonância magnética.
Contudo, apesar de não existir indicação formal da ultrassonografia prostática transretal na propedêutica clínica, ela pode contribuir complementando a avaliação do paciente.
Saindo um pouco do tema oncológico, a ultrassonografia transretal é indicada para os pacientes em investigação de infertilidade quando há necessidade sabermos se próstata, vesícula seminais e ductos deferentes estão presente e de aspecto habitual. A presença do gen da fibrose cística pode acarretar alterações nesses órgãos, sendo então, necessária a investigação.
A ultrassonografia com análise Doppler é o método de escolha na avaliação de dor e massas testiculares, seja em ambiente hospitalar ou ambulatorial, investiga causas de escroto agudo, como a torção testicular e de apêndices, traumas, além de tumores císticos e sólidos. A principal causa de infertilidade masculina, a varicocele, é melhor estudada com este método. Destaca-se a contribuição da ultrassonografia nos casos de varicocele subclínica, que também levam a alteração de espermatogênese.
Voltando às neoplasias, o câncer de pênis, que está relacionado à higiene inadequada, fimose e HPV, também pode ser estudado pela ultrassonografia. A função do método é identificar a profundidade do tumor e a presença de gânglios linfáticos alterados na virilha, contribuindo então para o estadiamento e melhor tratamento dos pacientes.
No que se refere à sexualidade do homem, a investigação de disfunção erétil através da análise Doppler com ereção farmacoinduzida, destaca-se na avaliação vascular, além de direcionar o tratamento clínico e/ou cirúrgico. A disfunção erétil de causa arteriogênica pode estar associada a outras doenças cardiovasculares, sendo muitas vezes o primeiro sinal de alerta. Sobre a disfunção erétil de origem psicogênica, sabe-se que a análise Doppler normal contribui no sentido de tranquilizar o paciente de que ele não tem doença orgânica de fato, podendo então dedicar-se à terapia sexual associada ou não a medicamentos.
A ultrassonografia contribui muito e cada vez mais nas avaliações de complicações pós-operatórias, seja de próstata, bexiga, pênis, escroto, nos tratamentos de doenças benignas e malignas, e em qualquer faixa etária.
A saúde homem é muito mais do que o controle de manifestações urológicas. Neste sentido, ressaltamos a importância da ultrassonografia na investigação de inúmeras outras doenças e preditores de risco. Destacam-se também o Doppler das artérias carótidas na investigação de placas e espessura da camada médio-intimal; a ultrassonografia da tireoide sem e com Doppler, para nódulos e doenças difusas; a ultrassonografia músculo-esquelética, para doenças agudas e crônicas, muitas vezes motivadas por atividade física; Doppler arterial de membros inferiores, buscando doença aterosclerótica; ultrassonografia de abdome, para a prevalente esteatose hepática e diagnóstico precoce de tumores abdominais. Portanto, é evidente a vasta contribuição da ultrassonografia para a promoção da saúde do homem.
Tudo que se comentou aqui tem a ver com saúde do homem; portanto qualidade de vida. A Sociedade Brasileira de Ultrassonografia junta-se a outras entidades médicas em prol da saúde dos homens.
Faça a sua parte, cuide-se! Consulte um especialista e escolha o seu ultrassonografista.
Coordenadores da campanha:
Dr. Rui Gilberto Ferreira – Presidente SBUS
Dr. Adilson Ferreira – Diretor Científico da SBUS
Dr. Leonardo Piber – Presidente APUS